domingo, 13 de dezembro de 2009

Memorial de Leitura

REVIVENDO MOMENTOS


“Se recordo quem fui ontem me vejo.
E o passado é o presente na lembrança.”
Fernando Pessoa


Este memorial me faz reviver o passado, marcado por acontecimentos importantes que refletem no presente, o qual vem sendo construído com muitos esforços. Nessa perspectiva, pretendo dar ênfase a minha vida estudantil e profissional, atribuindo um significado especial para a elaboração deste trabalho.
Quando nasci meus pais moravam em Braz Cubas - São Paulo, minha mãe deu a luz em Mogi das Cruzes, de onde sou natural. Logo iniciou minha vida de mudanças que seguiria por muitos anos a fora. Quando iniciei meus estudos já morava em Biritiba Mirim, cidade pequena vizinha de Mogi.
Meu primeiro contato com a escola foi aos cinco anos, quando fugi para a escola, bem cedinho da manhã, atrás de uma coleguinha que já estudava. Eu ainda não estava na escola porque meu pai achava que era muito cedo. Minha mãe me achou lá na escola, algumas horas depois, na primeira cadeira, vestida com uma camisolinha vermelha de bolinhas brancas...
Sempre gostei muito de estudar, não lembro de jeito nenhum o nome da minha primeira professora, acredito que o motivo tenha sido um acidente que sofri aos 8 anos, e só lembro a partir de então. Minha segunda professora era Dona Cecilia, de jaleco branco, sua mesa ficava um degrau acima das nossas mesinhas, mas muito amorosa e dedicada. Lembro dela quando leio Uma professora muito maluquinha, de Ziraldo. Não que ela fizesse as loucuras da personagem, mas acredito que o tipo físico, acho.
Como sofri o tal acidente em julho, perdi o resto do ano letivo. Mas, não pensem que parei de estudar não! Minha querida professora mandava as lições, as provas e tudo mais e eu as fazia no hospital mesmo. Fiquei internada mais de 30 dias na capital de São Paulo, e alguns meses na casa de uma tia, para poder fazer o tratamento e só então, pude voltar a escola. Isso, já no fim do ano, com a perna toda engessada. Minha mãe me levava no colo pra sala de aula e lá eu ficava até o término da aula.
No meio tempo que fiquei no hospital, uma enfermeira trazia os gibis que seu filho adorava (e eu também!), caixas de gibis que eu devorava, literalmente. Sempre gostei de ler, qualquer coisa, tudo.
Quando me recuperei, mudamos para o Maranhão. Fiz novos amigos, muitas brincadeiras e plena recuperação. Lembro que lia livros como Ilha Perdida, e ainda, muitos gibis. O Hino Nacional era cantado todo dia, em fila perfilada, onde colocávamos a mão no ombro do colega da frente, para sabermos a distância. Colégio cenecista, boa educação.
Novamente mudamos. Desta vez para Goiás, Anápolis. Ali, já estava na 5ª série, e os clássicos juvenis foram todos lidos por mim. A leitura fez parte de minha vida estudantil todo tempo. Não pensem que lia só livros escolares. Logo comecei a ler romances, daquele tipo Júlia, Sabrina entre outros, que me ajudaram a ler ainda melhor.
A 6ª e 7ª série fiz em Acari/RN, devido a separação de meus pais. Jornais, revistas, gibis e alguns de literatura brasileira fizeram-me companhia nesse período conturbado. Lembro que O Cortiço, de Aluisio Azevedo, me tirou o sono. Não gostei deste livro, como não gosto até hoje!
O final do ginásio fiz em Brasília. Outra mudança, fui morar com meu pai e tentar um estudo melhor. Lá tive contato com livros de Ganymedes José, Elias José, Paulo Coelho e Danielle Steel. Qualquer tipo de leitura é leitura. Faz com que aprimoremos nosso vocabulário e fluência.
Voltei para o Nordeste pela falta de perspectiva, já que o então eleito Presidente Fernando Henrique Cardoso, despediu todos os estagiários, e eu tinha um estágio no Ministério da Integração Regional, que na época tinha como ministro o ilustre Aluisio Alves. De volta para minha casa (parodiando o SBT), fiz o Magistério. Ai sim, me descobri. A educação com certeza seria minha casa. Gostei do curso, ingressei na faculdade e aqui estou na educação. Sempre com ajuda de livros, revistas e jornais. E, agora, a internet. Esse vasto mundo, que se bem usado nos leva a grandes mares de boa leitura.
Letras foi uma rica fonte. Fiz grandes amigos que me iniciaram no mundo dos poemas, onde descobri que sabia escrever, além de ler. Fiz belas poesias, sonhei, criei, e publiquei um jornal junto com meus queridos amigos. O Navegos, nave e egos de Zila Mamede. Grande poetisa (poeta) que tive a honra de estudar, pesquisar e conhecer parte de sua vida. Tive professoras que me levaram a grandes descobertas literárias, que até hoje são companheiras de minha vida. Uma é irmã de nossa querida coordenadora Inês, seu nome Valdenides Cabral, autora de vários livros, que tenho a honra de ter lido.

Escolhi Psicopedagogia para fazer especialização. Sempre quis fazer Psicologia, e na falta de oportunidade, acredito que o que mais chega perto e ainda vai me ajudar no trabalho seja esse curso. Tive oportunidade de ler vários autores diferentes e que me levaram a compreender um pouco mais nossos alunos, como Nadia Bossa e Alicia Fernandes.

Agora, tento uma outra especialização pela Plataforma Freire. Desta vez, em Mídias na Educação, outra área que gosto muito, e através de Moran passei a gostar ainda mais. Enfim, não quero, de jeito nenhum, parar. Quero sempre ler.
Vigotsky, Emília Ferreiro, Descartes, Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Cecília Meireles são meus companheiros de viagem. Viagem da leitura, viagem pela leitura. Entre tantos outros que ainda virão, ou que não foram citados nesse pequeno relato.

Rúbia Kátia Azevedo Montenegro
Leitora

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