terça-feira, 13 de abril de 2010

Acari: 177 anos de Emancipação Política - 11/04

Texto do Historiador Acariense, Canindé Medeiros.

O município de Acari, localizado na microrregião do Seridó Oriental do estado do Rio Grande do Norte, teve origem no início do séc. XVIII, quando os desbravadores dos sertões adentraram o interior do Nordeste em busca de condições favoráveis para o desenvolvimento do criatório do gado, encontrando nessas terras, até então habitadas por silvícolas, o pouso desejado. Assim, o lugar que recebeu essa denominação (Acari) por causa de um peixe encontrado nas águas do Rio Acauã, foi se tornando ponto de referência. Em 1738, com a construção de uma capela dedicada a Nossa Senhora da Guia foi se iniciando o núcleo do povoamento que iria constituir a vila e a cidade nas décadas subsequentes.

A cidade está situada entre serras e no seu território é marcante a presença da vegetação do semiárido nordestino – a caatinga – juntamente com o clima quente, aliviado somente com as chuvas ocasionais que caem geralmente no período de janeiro a abril, modificando a paisagem e dando aos arredores do aglomerado urbano a beleza ímpar da natureza vicejante: uma mescla de sons e cores que fazem esquecer os períodos secos e cinzentos.

A população de Acari, segundo os dados do último censo do IBGE, gira em torno de 10.900 habitantes, sendo que a grande maioria está situada na zona urbana, onde está o maior desenvolvimento econômico, infraestrutura e a maioria dos serviços básicos prestados no município: saúde, educação, saneamento básico, abastecimento de água, comércio, etc. No entanto, a zona rural ainda tem núcleos populacionais consideráveis, baseados na pesca, na agricultura de subsistência e na pecuária.

Um dos maiores potenciais econômicos do município na atualidade é o turismo, já que a cidade apresenta, além das belezas naturais do Sertão, outros atrativos: o Açude Marechal Dutra (Gargalheiras), manancial que abastece toda a cidade e proporciona emprego e renda, principalmente através da pesca e seus derivados; um patrimônio histórico rico e preservado, como a Igreja do Rosário (1ª Matriz de Nossa Senhora da Guia) e a antiga Casa de Câmara e Cadeia, hoje Museu Histórico de Acari, com um acervo que preserva o modo de vida do homem sertanejo em suas diversas manifestações; as casas de fazenda da zona rural, com arquitetura original e atrativos particulares, como o fabrico do queijo e outras iguarias da culinária sertaneja. Além disso, a localização privilegiada da cidade a faz ponto de referência e passagem obrigatória para quem visita o Seridó do Rio Grande do Norte.

Se o turismo é ainda uma novidade, outras atividades econômicas sustentam o município: o comércio de gêneros e bens de consumo; pequenas empresas diversificadas (facções, pousadas, restaurantes); atividades ceramistas; profissionais autônomos, que com zelo e criatividade procuram sua subsistência e oferecem bens e serviços diversos. Fomentar a economia é um desafio constante para os gestores municipais e para todos aqueles que almejam o desenvolvimento do lugar.

Ao longo do ano existem períodos em que a movimentação na cidade é evidente, principalmente em momentos especiais, notadamente: a Festa da Padroeira Nossa Senhora da Guia, celebrada na primeira quinzena de agosto, atraindo acarienses ausentes, visitantes e devotos para os festejos religiosos e para os festejos profanos – uma dualidade que traz muitos benefícios para a cidade; o Festival do Pescado, realizado geralmente no mês de maio, no Povoado Gargalheiras, evidenciando a importância cultural e econômica do Açude Marechal Dutra; o Torneio Leiteiro, que acontece no mês de julho e que promove os criadores do gado vacum e cabrum. Além desses eventos, pode-se citar muito bem o período carnavalesco, as festas juninas e as festas do fim do ano, todas bastante concorridas pela população em geral e que quebram a rotina do dia-a-dia.

No entanto, olhar para a realidade de uma pequena cidade no interior do Brasil, principalmente nas regiões menos favorecidas economicamente, é perceber uma série de problemas e desafios. Faltam estruturas que favoreçam desenvolvimento e participação de forma a atingir todos os habitantes, sem contar com aqueles que são indiferentes e se negam a exercer sua parcela de contribuição para o bem comum. Mas há um esforço constante por parte dos gestores, dos profissionais ligados à educação e dos formadores de opinião, em construir uma cidade onde todos possam construir e viver a cidadania.

Os problemas mais comuns estão exemplificados através dos índices de desemprego, violência, alcoolismo, drogas, prostituição infantil, entre outros. Tais situações exigem o esforço comum de cada cidadão, não só do poder público…

Em meios a esses problemas, o municio de Acari conquistou notoriedade através da cultura da limpeza, da condição dos programas de saúde e dos ótimos índices alcançados pela educação municipal, conquistando prêmios nacionais, reduzindo o analfabetismo, a evasão escolar e os índices de repetência. Pelas ações desenvolvidas em prol da infância e da adolescência, conquistou o Selo Unicef Município Aprovado (edições 2006 e 2008), evidenciando assim os propósitos que fazem a cidade crescer no social e no bem-estar de seus habitantes.

A experiência de quem mora ou de quem visita Acari é, no mínimo, agradável. É certo que existem dificuldades e pontos negativos, mais é evidente que persistem os ideais de trabalho, assistência e zelo administrativo, sem contar com a hospitalidade e alegria do povo acariense. Suas raízes históricas trazem a seiva do otimismo, da fé, da diligência, do trabalho, gerando na grande árvore acariense o viço juvenil de quem nasceu para fazer história, de quem traz aos seus a alegria de aqui viver ou simplesmente de dizer: meu lugar é Acari!


Fonte: www.ismaelmedeiros.com

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