terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Memorial de Leitura - cursista Maria José

“A leitura é para o intelecto, o que o exercício é para o corpo.”
JOSEPH ADDISON

RECORDANDO A LEITURA EM MINHA VIDA

Faço uma retrospectiva a partir da minha fase de alfabetização e trago à tona recordações que me faz refletir sobre a situação por mim vivenciada em relação à realidade atual. Aos oitos anos eu nunca havia tido contato com nenhum livro quando passei a freqüentar uma escola a qual era localizada em uma comunidade rural de nome Catolé de Baixo no município de Catolé do Rocha PB, onde moravam os meus pais na época, cuja professora se chama Idália que logo veio a se casar e foi embora dali e a sua irmã Cidália assumiu o trabalho da mesma. Lembro muito bem que no primeiro dia de aula fiquei apavorada, pois se tratava de uma escola multseriada e nessa aula a professora iniciou a primeira atividade ditando um texto para os alunos da 3ª e 4ª séries e ao observar o desempenho daqueles colegas comecei a imitá-los e terminei riscando bastante o meu caderno novo. Essas são as únicas lembranças que tenho da minha primeira escola, cuja aula me marcou muito, uma vez que não consegui ter no momento a mesma habilidade daqueles meninos.

No ano seguinte os meus pais mudaram para o município de Belém de Brejo da Cruz PB, precisamente no sítio Boa Esperança, onde fui estudar em uma escola bem distante e acompanhada dos meus irmãos que sempre envolvidos em brincadeiras pelo caminho me deixavam chegar sozinha a escola. A professora tinha o apelido de Tetê, mas o seu nome verdadeiro eu não sei. Até então não lembro ter utilizado algum livro, eu apenas sabia fazer cópias de palavras. Fiquei pouquíssimo tempo nessa escola, pois logo passei a estudar em outra mais próxima a minha casa, onde a professora de nome Maria José que era muito rígida e carrasca me fez descobrir a leitura e sou muito grata por isso e com a mesma estudei até a 3ª série, pois também se tratava de uma escola multseriada que funcionava na sua própria residência. Inicialmente dona Maria José exigiu a carta de ABC e com a ajuda da minha mãe que com a sua pouca leitura me ensinava o alfabeto, as sílabas e soletrava comigo. Com dona Maria José, além aprender a ler aprendi também a entender a escola e a gostar de estudar. Nunca esqueci dos livros de título NORDESTE utilizados nas três primeiras séries, nos quais ela cobrava rigorosamente de mim todos os dias a leitura de um texto e questionamentos orais e escritos sobre os mesmos e eu me esforçava o máximo para cumprir corretamente as tarefas, caso contrário ficava de castigo.

Quando passei para a 4ª série fui morar com a minha avó materna na cidade e estudava na escola estadual de nome Grupo Escolar Américo Maia com a professora Maria do Socorro, mas só consigo lembrar das matérias que eram passadas no quadro de giz e que estudava muito essas matérias, muitas vezes decorava para conseguir tirar boas notas nas provas, pois o livro de leitura era o meu próprio caderno e não me vem a lembrança de outras fontes como livros de historinhas infantis e outros. Fiz o ginásio no colégio ‘Instituto de Educação Nossa Senhora da Conceição’ na mesma cidade Belém, bem como o curso Científico do qual relato com saudades dos meus professores. Tenho nítida lembrança do mês de ensaio para o desfile de sete de setembro, mas não recordo de nenhum trabalho sobre leitura, apenas dos conteúdos e das provas bimestrais. Nesse período da minha vida li muitas revistas de fotonovela por influencias de colegas, do primeiro livro que ganhei “Romeu e Julieta” não lembro de quem, mas passei bastante tempo lendo e relendo. O segundo livro eu ganhei de um primo “A Bagaceira” de José Américo de Almeida, um romance regionalista. Seu enredo trata de questões do êxodo, os horrores gerados pela seca, além da visão brutal e autoritária do senhor, assim como o confronto de relações humanas e contraste sociais, o mesmo eu consegui ler várias vezes. Depois meu pai começou a comprar folhetos e livretos de cordel e pedia para eu ler, pois ele gostava de ouvir aquelas histórias de aventuras, de romance e de lampião e seus cangaceiros. Quando eu ia para o sítio os vizinhos se reuniam na minha casa para ouvir as histórias lidas e sempre alguém aparecia com algum cordel e cada um com histórias mais interessantes, onde noite eu era a leitora, na noite seguinte outra pessoa fazia a leitura e a minha intenção sempre foi conseguir ler melhor que os demais, daí então, eu me apaixonei pela literatura de cordel até hoje.

Em 87 os meus pais vieram morar no Sítio Pinga no município de Parelhas RN de onde eu viajava todos os dias no carro dos estudantes e assim consegui concluir o curso magistério na Escola Estadual Monsenhor Amâncio Ramalho, na qual encontrei um grupo de professores preparadíssimos e com eles eu aprendi muito. Lá eu estava constantemente pegando livros emprestados na biblioteca da escola para ler, fazer pesquisas, pois lembro perfeitamente de ter lido o Horto de Auta de Souza através do incentivo da professora Valdenides e por intermédio da professora de didática Antônia Zélia consegui ler Piletti, Candau, Menegolla, Santa Anna, Emilia Ferreiro, Paulo Freire e outros educadores. Na época cadastrei-me na biblioteca pública “Rui Barbosa” de onde toda semana eu pegada livros para satisfazer a minha vontade de ler. Antes de concluir o magistério já comecei a trabalhar em sala de aula na Escola Municipal de Timbaúba, uma comunidade vizinha, onde eu frequentemente visitava a capela lá existente pela satisfação de participar das leituras dos jornaizinhos das celebrações dominicais. Anos depois meus pais vieram morar em Parelhas, onde reside até hoje. Já morando e trabalhando na cidade busquei fazer uma faculdade e optei por Letras, visto que sempre gostei de Português. No decorrer do curso tive a absoluta certeza de que estava no caminho ideal. Na faculdade tive a oportunidade de fazer vários trabalhos de leitura. Com a professora de Literatura eu aprendi a ler com outra visão muito mais crítica, tendo em vista a necessidade de questionar, analisar, avaliar, descobrir a essência da literatura, bem como a luz das histórias contemporâneas. Tive também a oportunidade de conhecer vários clássicos da literatura brasileira e portuguesa como Dom Casmurro, O Ateneu, Fogo Morto, Memorial de Aires, Lucíola, Guerra dos Mascates, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Ressurreição, A Mão e a Luva, Senhora, Cinco Minutos, os poemas de Fernando Pessoa e outros, cujos autores eu destaco Machado de Assis, Raul Pompéia, José Lins do Rego, José de Alencar e outros como Mário de Andrade, Cecília Meirelles, etc. Além dos clássicos, gosto muito de ler também os livros de autoestima, já li alguns livros de Augusto Cury. No momento tenho utilizado bastante à internet em busca de informações, de boa leitura, leio a revista Na Ponta do Lápis, Aprende Brasil, Mundo Jovem, gosto de ler textos informativos, reflexivos e tenho uma atração muito forte por poesia.

Em 2009 fiz um curso de Mídias na Educação e através do mesmo eu pude ler alguns textos de Moran, Veiga, Almeida, Vygotsky e outros. Atualmente estou tentando fazer uma especialização pela Plataforma Freire. Já tenho vinte e um anos de sala de aula e durante essa trajetória fiz diversos cursos de capacitação e atualização. Portanto, a boa leitura é fundamental na minha vida pessoal e profissional, a mesma estimula o pensamento e a criatividade e no exercício da minha profissão busco incentivar os meus alunos para o hábito da leitura, assim como desenvolvo muitos trabalhos de leitura, pois valorizo e reconheço que a leitura é o melhor caminho para o desempenho de uma boa aprendizagem.



Maria José da Silva

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