sábado, 10 de maio de 2014

A Nova Ortografia Descomplicada - Douglas Tufano


A Nova Ortografia Descomplicada
Orientações Básicas


Conforme a 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), publicado pela Academia Brasileira de Letras, em março de 2009.


1. Foram oficialmente introduzidas no alfabeto as letras K, W e Y. O nosso alfabeto agora tem 26 letras: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ. Mas atenção: as letras K, W e Y devem ser usadas apenas na escrita de palavras estrangeiras (e suas derivadas) e de palavras adotadas como unidades de medida de uso internacional (Kafka, kit, show, software, yin, yang etc.).

2. O trema (¨) foi abolido. Ex.:
Como era: agüentar, argüir, bilíngüe, seqüestro, tranqüilo.
Como fica: aguentar, arguir, bilíngue, sequestro, tranquilo.
* Continua em palavras estrangeiras e suas derivadas: Müller, mülleriano.

3. Palavras que terminam em óia, óias, óio, éia, éias, éio  não são mais acentuadas. Ex.:
Como era: jóia, jóias, idéia, idéias, apóia (v. apoiar), apóio (v. apoiar), estréio (v. estrear).
Como fica: joia, joias, ideia, ideias, apoia, apoio, estreio.

4. Palavras que têm o grupo éi ou ói no meio não são mais acentuadas. Ex.:
Como era: heróico, paranóico, debilóide, asteróide, protéico. 
Como fica: heroico, paranoico, debiloide, asteroide, proteico.
* Palavras que terminam em éis ou ói(s) continuam com acento: papéis, herói, heróis.
* Como se vê em 3 e 4, caiu o acento das paroxítonas nas quais a base da sílaba tônica são os ditongos abertos ói, éi. Mas o acento continua quando se trata de palavras oxítonas ou monossílabos tônicos: herói, dói, sóis etc.

5. Palavras como feiúra, baiúca, bocaiúva, cauíla (= avarento) perderam o acento. Agora se escrevem: feiura, baiuca, bocaiuva, cauila.
* Caiu o acento das vogais tônicas I e U, em palavras paroxítonas, somente quando elas são precedidas de ditongos decrescentes. Observe:
                        fei - u - ra   /  bai - u - ca  /  cau - i - la
Se essas vogais tônicas forem precedidas de ditongo crescente, o acento permanece. Ex.: Guaíba, guaíra.
* Se essas vogais tônicas não forem precedidas de ditongo, continuam com acento. Ex. saúde (sa-ú-de), saída (sa-í-da).

6. Palavras que terminam em êem ou ôo(s) não são mais acentuadas. Ex.: 
Como era: abençôo (v. abençoar), dêem (v.dar), crêem (v.crer), lêem (v.ler), vêem (v.ver), vôo, vôos, zôo.
Como fica: abençoo, deem, creem, leem, veem, voo, voos, zoo.

7. Caiu o acento das seguintes palavras: pêlo, pêlos, pólo, pólos, pêra, pára.
Agora devemos escrever: pelo, pelos, polo, polos, pera, para.

8. O acento circunflexo na palavra fôrma é opcional, isto é, pode ou não ser usado. Às vezes, é bom usar para evitar confusão. Veja como ele é útil nesta frase: Não sei qual é a forma da fôrma do bolo.

9. Caiu o acento agudo (´) no U de três formas dos verbos arguir e redarguir.
Como era: (tu) argúis, (ele) argúi, (eles) argúem, (tu) redargúis, (ele) redargúi, (eles) redargúem.
Como fica: (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, (tu) redarguis, (ele) redargui, (eles) redarguem.

USO DO HÍFEN COM COMPOSTOS

1. Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação. Ex.:
guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume,
joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca.
* Exceções: Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição,  como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo.

2. Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou semelhantes, sem elementos de ligação. Ex.:
reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-rom, pingue-pongue, bi-bi, fom-fom, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre.  

3. Não se usa o hífen em palavras compostas que apresentam elementos de ligação. Ex.:
pé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra.
Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional. Ex.:
maria vai com as outras, leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus nos acuda,    
cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta.
* Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.

4. Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes próprios de lugares) que apresentam ou não elementos de ligação. Ex.:
Belo Horizonte — belo-horizontino
Porto Alegre — porto-alegrense
Mato Grosso do Sul — mato-grossense-do-sul
Rio Grande do Norte — rio-grandense-do-norte
África do Sul — sul-africano

5. Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação. Ex.:
bem-te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia.
Obs.: Não se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Observe a diferença de sentido entre os pares:
arroz-do-campo (certo tipo de erva) - arroz de festa (alguém que está sempre presente em festas).
bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) - bico de papagaio (deformação nas vértebras).
olho-de-boi (espécie de peixe) - olho de boi (espécie de selo postal).

USO DO HÍFEN COM PREFIXOS

Uso do hífen na formação de palavras com prefixos (anti, super, inter, semi, sub,  ultra etc.) e elementos antepositivos terminados por vogal, como aero, auto, bio, macro, micro, mini etc., também chamados de falsos prefixos ou pseudoprefixos.

1. Usa-se o hífen diante de palavra começada por H. Ex.:
anti-higiênico, super-homem, sobre-humano.

2. Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra. Ex:
micro-ondas, anti-inflacionário, sub-bibliotecário, inter-regional.

3. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. Ex.:
autoescola, antiaéreo, intermunicipal, supersônico, superinteressante, agroindustrial, aeroespacial, semicírculo.

4. Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por R ou S, dobram-se essas letras. Ex.: minissaia, antirracismo, ultrassom, semirreta.  

5. Com o prefixo sub e sob, usa-se o hífen também diante de palavra começada por R. Ex.: sub-região, sub-reitor, sub-regional, sob-roda.

6. O prefixo co junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por O ou H. Neste último caso, corta-se o H. Ex.: coobrigação, coedição, coeducar, cofundador, coabitação, coerdeiro. Se a palavra seguinte começar com R ou S, dobram-se essas letras. Ex.: corréu, corresponsável, cosseno.  

7. Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice. Ex.: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado,
pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu, vice-rei.

8. Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen, mesmo diante de palavras começadas por E. Ex.: preexistente, preelaborar, reescrever, reedição.

9. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra começada por M, N e vogal. Ex.: circum-murado, circum-navegação, pan-americano.

OUTROS CASOS DO USO DO HÍFEN

1. Não se usa o hífen na formação de palavras com não. Ex.:
(acordo de) não agressão / (reservado para) não fumantes.

2. Com mal, usa-se hífen quando a palavra seguinte começar por Vogal, H ou L. Ex.:
mal-assombrado, mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo.
* Nos outros casos, escreve-se sem hífen: malcriado, malcomportado, malcheiroso, malfeito, malsucedido, malvisto.
* Quando mal significa doença, usa-se o hífen se a palavra não tiver elemento de ligação. Ex.: mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-se sem hífen. Ex.: mal de lázaro, mal de sete dias.    

3. Com bem, não há orientações novas no Acordo Ortográfico. De modo geral, usa-se o hífen nos compostos. Ex.:
bem-aventurado, bem-intencionado, bem-humorado, bem-merecido, bem-nascido, bem-falante, bem-vindo, bem-visto, bem-disposto.
* Mas há vários casos em que bem se liga sem hífen à palavra seguinte. Ex.:    
benfazejo, benfeito, benfeitor, benquisto.

4. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos:

    Na cidade, disseram-me que ele foi viajar.
    O diretor foi receber o vice-prefeito.




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